segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Akiré

Alexandre Aragão


A filha desconhecida
encerra uma mística presença
de luz.
Gesto encantador,
translúcida meiguice virginal,
eleva as almas mortais
com seu despojado acolhimento.
Inesperada surpresa,
reaquece a vontade
e recupera o sonho
libertando o ser
para mais uma nova
desconhecida aventura.


a

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

AUTÓPSIA

Felipe Augusto

Venho compor de improviso
mas logo aviso!
eu não sei compor.
Sou poeta sem rima
Discurso sem palavras
Pássaro sem ninho
Cemitério sem corpo,
sou música sem canto.
Será que eu encanto?
Não! Acho que espanto.
Já estou ficando rouco
por isso vou embora
esse adeus fora de hora
me deixa meio insoço.
Não fiquem tristes amigos
se querem me encontrar
vou dizer onde me achar,
me procurem na rua
nos olhos do mendigo
no andar do paralítico
na nuvem poluída
no pensamento do homem morto.
O que sou eu então?
Sou o poeta dos loucos.

a
Que luz é essa?

Alexandre Aragão


Que luz é essa
que atravessa o bloco escuro
do tempo presente,
revelando a força do fogo inocente,
derrubando estruturas do egoísmo entre nós?

Que luz é essa
que recompõe os cantos de nossa alegria,
instaura o cuidado como norma
do dia a dia,
recupera a esperança em uma nova utopia?

Que luz é essa?

É a luz da criança
rejeitada pelas hospedarias,
acolhida por pobres e pela natureza.
Luz da fraternidade.
Luz da eterna beleza!

a
DOIS OLHOS LUZ

Alexandre Aragão


Pupilas transparentes
torrentes de água viva
jorrando pelos poros

Estrela do futuro
brilhando no presente
um fogo incandescente
flameja em muitos coros

Dois olhos luz, dois olhos luz

O tempo já maduro
acusa a emergência
o tempo não tem volta
é agora ou nunca mais

Estrela do futuro
aponta o caminho
não dá pra ir sozinho
com gente é que se vai


A